Quando foi que fazer coisas tão simples começou a ficar tão difícil? Você consegue ler um livro de forma ininterrupta? O autor que vos fala confessa que não tem o superpoder de devorar 10 páginas seguidas sem checar o celular pelo menos uma vez. A mente da gente vem sendo “treinada” há algum tempo, sem que a gente nem percebesse, para não sossegar. Você inicia uma atividade e já começa a pensar nas coisas que precisa ou pode fazer nas próximas horas. Queremos fazer tudo ao mesmo tempo e o máximo de coisas no menor intervalo de minutos possível.
E alguns até podem dizer que coisas tecnológicas, como o celular, estão tomando o espaço das mais antigas, como os livros. Mas não é bem assim. Um Playstation é um dispositivo bem tecnológico, certo? Eu uso bastante o meu e, enquanto a tela inicial carrega, eu fico checando minhas redes sociais. De onde vem essa necessidade de saber o tempo todo o que está acontecendo na vida das outras pessoas?
A tal da inquietude
A verdade é que estamos mal acostumados e condicionados a querer tudo para ontem. Quer alguns exemplos? Antes esperávamos nosso ônibus no ponto sem precisar ficar checando quanto tempo ele levaria para chegar até nós e estava tudo bem. Mas isso mudou, agora temos a necessidade dessa informação. O que podemos fazer com ela? Pouca coisa. O ônibus vir rápido ou atrasar, não faz tanta diferença assim, né? Porque está fora do nosso controle. De todo jeito, teremos que esperar por ele.
Há alguns anos atrás, tínhamos internet discada e tudo era muito lento. Esperávamos quase um minuto para ver uma imagem inteira, pois ela carregava de pedaço em pedaço. Hoje em dia, um anúncio de 5 segundos nos irrita e parece uma eternidade. Quanto mais rápidas as coisas ficam, menos temos paciência para parar e esperar. Louco, né?
A trilha da pressa
Bilhões de dólares são investidos todos os anos para que os especialistas mais brilhantes do mundo criem novas distrações para nós. Eles lutam para conseguir cada segundo da nossa atenção, sem que a gente nem perceba. Nós consumimos, eles lucram, a gente se distrai e eles também. Afinal, eles também consomem o que produzem. E assim nossa sociedade vai ficando cada vez mais ansiosa e inquieta.
Os nossos momentos de refúgio estão se tornando cada vez mais aqueles em que realmente não podemos ser fisgados, como na hora do banho (até que se torne popular usar o celular embaixo do chuveiro) e enquanto dormimos. Existem pessoas que usam várias “técnicas” que nos ajudam a passar menos tempo em frente a essas telas, como adquirir dispositivos antigos, que não possuem muitas funções, por exemplo. Outras chegam a pagar para se hospedar em espécies de hotéis que proíbem o uso de coisas tecnológicas.
Mas não é um tanto bizarro a gente precisar recorrer a esses tipos de abordagens?
Comece pelos pequenos vestígios
Em vez de fugir para as colinas e se isolar do mundo, que tal utilizar apps que te ajudam a controlar o tempo de uso do seu smartphone? Além disso, verifique quais são os aplicativos que mais lotam o seu telefone de notificações e tire as que não te interessam (com certeza, várias). Simples, rápido e útil.
Tenha certeza que esse é um ótimo primeiro passo para se dar. Ao conseguir melhorar, pelo menos um pouco, a sua dependência do celular (e vai), você pode analisar se está pronto para passos maiores, como, por exemplo, apagar alguns aplicativos que são responsáveis por sugar nossa atenção, como o Instagram ou Twitter. O objetivo aqui não é te convencer de que você deve fazer isso. Queremos apenas levantar a reflexão.
Outras alternativas também podem te ajudar, a internet está cheia de informações sobre técnicas de administração de tempo, como a pomodoro, por exemplo. Mas seja paciente consigo, esses métodos não são milagrosos, é preciso tempo e dedicação da sua parte. Então dê um passo de cada vez e não desista de melhorar o aproveitamento do seu tempo.
Uma última dica que queremos te dar, é: enquanto estiver interagindo com alguém, tente se esforçar para não fazer nada além de prestar atenção nessa pessoa. Não deixe que suas interações humanas sejam um segundo plano, uma tela secundária. Apenas não faça isso. A conversa cara a cara, olho no olho, é uma das coisas mais valiosas que temos. Não caia no erro de estragar isso também.
Recado dado? O que você achou do artigo e o que você tem a falar sobre o assunto? Tem algum relato que aborde esse tema? Deixe um comentário!