Bem estar vale mais que dinheiro. É como pensam os jovens que engrossam as estatísticas do fenômeno de demissões que ficou conhecido como a Grande Renúncia.
Mas a verdade é que o fenômeno é complexo e merece ser compreendido com essa dimensão de profundidade. Afinal de contas, não é comum na história que milhões de pessoas peçam demissão ao mesmo tempo. É um sinal dos tempos que vivemos e nós, com certeza, podemos aprender muito com isso.
Em uma olhada nos dados do Bureau of Labor Statistics dos Estados Unidos vemos um aumento linear nos pedidos de demissão que vem acontecendo desde 2009. Um estudo feito pela Harvard Business Review mostra que a cada ano, o número de trabalhadores que pedem demissão tem aumentado 0,1 ponto.
É mais interessante e bastante significativo que essa tendência foi interrompida em 2020, quando os pedidos de demissão estacionaram e não apresentaram nenhum crescimento. O que se justifica pela pandemia, o contexto de incertezas e medo que se instalou em todo o mundo.
Ou seja, pessoas que estavam insatisfeitas em seus trabalhos, permaneceram neles por causa das circunstâncias da pandemia de Covid-19. O que nos leva a pensar que essas mesmas pessoas podem ter levado adiante a vontade de deixar os seus empregos quando a pandemia arrefeceu e a economia voltou a respirar um pouco melhor.
Uma análise histórica feita pelo professor do Departamento de Economia da Universidade de Nova York, Guido Menzo, mostra que em outros períodos de recessão econômica, os Estados Unidos também enfrentaram um problema semelhante.
“Não é um fenômeno exclusivo da recuperação (econômica) atual, mas das recuperações mais recentes”, diz ele à BBC Mundo, mencionando as recessões de 1991 e de 2008-2009.
O que isso nos diz sobre a relação entre os jovens e o mercado de trabalho?
A verdade é que muitas parecem ser as razões que culminaram na repetição dessa situação, como a necessidade de cuidar mais da saúde mental, a desilusão com a vida corporativa, a falta de cuidado das empresas com a saúde dos funcionários durante a pandemia e a insatisfação com o salário.